O prefeito de Anori, Reginaldo Nazaré da Costa (Republicanos), e seu vice Raimundo Branco (MDB) estão sendo investigados por suspeita de cometerem diversos crimes eleitorais durante o pleito de 2024. As acusações incluem abuso de poder econômico, fraude eleitoral, compra de votos, aliciamento de eleitores e até envolvimento com organização criminosa. A coligação “O Progresso Continua” elegeu Nazaré com 70,93% dos votos (6.478 votos), derrotando Raimundo Nonato Garcez Barroso (PSDB) e Aristeu Brandão, da coligação “Um novo tempo para Anori”, que obtiveram 29,07% (2.655 votos).
Após meses de silêncio, a juíza eleitoral Priscila Pinheiro Pereira, da 33ª Zona Eleitoral, iniciou as movimentações do processo, intimando testemunhas para depor na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida pela chapa derrotada. Entre os convocados estão Samuel de Assunção Bruno, Saliete de Oliveira Solimões, José Hilton Lopes da Silva e Francisco Lázaro da Silva. A audiência de instrução e julgamento foi marcada para o dia 21 de janeiro, no Fórum de Justiça da Comarca de Anori.
A investigação ocorre quatro meses após o pleito e após o prefeito já ter sido diplomado e empossado, o que torna uma eventual cassação mais complexa. No entanto, a Justiça Eleitoral ainda pode reavaliar o resultado das eleições e, caso as acusações sejam confirmadas, Nazaré e Branco poderão ser cassados, declarados inelegíveis por oito anos e novas eleições suplementares deverão ser convocadas.
Eleições Conturbadas e Denúncias Graves
A disputa eleitoral de 2024 em Anori chamou atenção por, inicialmente, ter apenas um candidato. Nos últimos dias para as convenções partidárias, a federação PSDB/Cidadania lançou uma chapa, quebrando a expectativa de vitória por WO de Nazaré.
Entre as acusações apresentadas na ação, destaca-se a exigência de que eleitores gravassem seus votos por vídeo ou fotografia, o que é expressamente proibido pela legislação eleitoral. Há relatos de que funcionários públicos foram coagidos a comprovar o voto, como no caso de Benivan Gomes de Souza, esposo da secretária de Ação Social, Eleusa Freitas Mota.
A prática de registrar o voto viola o sigilo eleitoral e é passível de punição com até dois anos de prisão, conforme o Código Eleitoral. Segundo a defesa da chapa derrotada, essa e outras irregularidades foram ignoradas pelo cartório eleitoral local e pelo Ministério Público Eleitoral, que não ofereceu denúncias durante o processo eleitoral.
Decisão nas Mãos da Justiça
Os advogados de Raimundinho Barroso e Aristeu Brandão anexaram vídeos e provas documentais à ação, reforçando a acusação de que o pleito foi marcado por irregularidades. Para o advogado Allan Pinheiro Pessoa Coelho, as evidências são robustas e suficientes para cassar o mandato de Nazaré.
“O abuso de poder econômico e a compra de votos são claros e foram devidamente comprovados. A Justiça Eleitoral tem um papel fundamental na garantia da lisura do processo democrático, e esperamos que essa ação seja julgada com imparcialidade,” afirmou Coelho.
A população de Anori acompanha o desdobramento do caso, ciente de que o resultado das eleições pode ser alterado a qualquer momento, colocando em risco o mandato do atual prefeito e do vice.